E na calçada que estava eu parei e chorei
Não que tivesse problemas
Afinal a calçada estava no seu devido lugar
Eu estava sobre ela
E tudo fazia sentido
De qualquer forma eu chorei
E como chorei!
Chorei o que a poeira que por lá passa deseja chorar
Chorei o tanto que imagino a sola dos sapatos chorando
Chorei o que não choram as formigas por seus mortos semelhantes, ou será que choram?
Chorei pela menina pequena que imaginei lá estirada e morta
Chorei a dor que queriamos sentir quando se quer sentir algo
Chorei a mágoa de ver um parente morto, mesmo sabendo-o vivo
Chorei e como chorei...
Nas imperfeições da calçada de qualquer lugar
Me encontrei dizendo que chorava por nada
Dizendo a morte cada dia mais viva
Dizendo a dor como um presente
Dizendo o Amor como algo paupável
Dizendo da dignidade de todas as coisas vivas
Dizendo, apenas dizendo...
Com o vento rápido no meu rosto
Eu calei
Com mágoa calei
A mágoa de todas as coisas vivas
Calei o sofrimento sujeito aos evoluídos
Calei as palavras escritas em azul
Calei os olhos que seguem
Calei a minha alma
Calei os sonhos
Calei a mim mesmo...
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial